No final dos anos 90, Giba Giba (1936 -2014), ícone da cultura Negra do Estado do Rio Grande do Sul percebeu que o Sopapo, instrumento genuinamente gaúcho, oriundo dos escravizados nas charqueadas pelotenses, estava desaparecendo. Idealiza um Festival chamado CABOBU, nome que traz as primeiras sílabas de grandes sopapeiros do passado. A ideia foi realizar um grande festival que servisse para resgatar o Sopapo, ao mesmo tempo que abrisse espaço para manifestações da comunidade Negra e sua Cultura, na música, dança e voz. Chama Mestre Baptista para construir 40 sopapos para entregar para a cidade, aos músicos e instituições. Os shows, ponto alto da expressão da música Negra brasileira, contam com importantes presenças Nacionais, tais como Naná Vasconcelos, Djalma Corrêa, Chico César, Nei Lopes, Paulo Moura, entre outros da música regional e local. Oferece oficinas gratuitas à população com Naná Vasconcelos e Djalma Correia, Paulo Mura e o próprio Mestre Baptista. Para as palestras em mesas redondas, chama Nei Lopes, Haroldo Costa, Ester Gutierres, Professor Guarany, entre outros. Para a Dança chama Maritza que cria a Dança Cabobu. A comunidade Negra, então, tinha vez e voz e o sopapo estava resgatado, na história e na memória do povo.
No ano 2000, segunda edição, que toma proporções maiores e faz da cidade um local de encontro da cultura Negra. Hoje, o seu filho mais velho, Edu do Nascimento, como seu herdeiro natural, idealiza a realização da Terceira edição, como homenagem ao seu pai e aos griôs e ilustres nomes da cultura Negra. Durante o hiato de 2000 a 2022, o sopapo sobreviveu foi revitalizado e preservado por conta desta manifestação do seu pai. E durante este espaço de tempo, muitos pesquisadores, historiadores e músicos foram impulsionados a saberem mais sobre a história do instrumento e sobre o evento que mudou a história. Recentemente, o Sopapo está reconhecido. Edu do Nascimento travou, junto com José Batista, filho do Mestre Baptista e criador do modelo do Sopapo para o Cabobu, Sandra Narcizo, produtora por mais de 15 anos de Giba Giba, e uma legião de pessoas de várias cidades do estado e principalmente Pelotas, é Patrimônio Imaterial da cidade de Pelotas, como tanto Giba Giba havia lutado por este reconhecimento. E para homenagear o seu pai, o artista, Edu do Nascimento, traz à cidade pelotense, em especial, com o símbolo da Ancestralidade e símbolo desta Grande Festa, a Terceira Edição do CABOBU A FESTA DOS TAMBORES, aquecendo a ebulição cultural consolidada, com uma grande estrutura para celebrar em música, oficinas, e mesas redondas, com apoio da Secretaria de Cultura de Pelotas e apoiadores, além do Patrocínio direto do Pró cultura, Sistema LIC e da Natura Musical, que selecionou o Evento dentre 3.720 projetos concorrentes de todo o Brasil, na ocasião do seu último Edital.
Esta 3ª Edição traz esta ideia, e realiza o evento nos mesmos moldes, mas hoje é um novo tempo, vem renovado com a ideia de atingir o maior número de pessoas com os recursos tecnológicos e quer juntar o maior número de pessoas para além de fortalecer a história, mirar no futuro e desenvolver um encontro para disseminar cultura e repensar as relações das cidades das pessoas e da cultura vigente, sendo, ainda, o Sopapo a ligação e o símbolo deste Festival. Esta Edição tem a pretensão de tornar este evento o Maior e mais significativo Festival de Cultura Negra do Estado do Rio Grande do Sul, e no futuro envolver cada vez mais as cidades do Estado com suas representações.